Representantes de 19 países membros da União Européia estiveram no Centro de Reintegração Social da APAC de Santa Luzia no dia 16 de maio. Acompanhados de membros da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados, Fundação AVSI, Instituto Minas Pela Paz, Secretaria de Estado de Defesa Social, TJMG, Promotoria, Defensoria e autoridades locais, tiveram a oportunidade de conhecer todas as instalações do CRS e assistir a uma apresentação musical feita pelos recuperandos.
A visita dos embaixadores da União Europeia à APAC de Santa Luzia tem como objetivo o fortalecimento das capacidades e das competências das organizações da sociedade civil, promovendo a dignidade humana no cumprimento da pena dos condenados em Minas Gerias e visando à ressocialização desse público na comunidade.
As APACs de Minas recebem financiamento da União Europeia com o Projeto Além dos Muros, implementado pela Fundação AVSI. O projeto contribui para a melhoria da gestão e qualificação dos envolvidos nas APACs, por meio de cursos, palestras, seminários e acompanhamento dos planos de gestão.
O chefe da delegação da União Europeia, Frank Sheridan, afirmou o compromisso dos países membros com a sociedade civil, no sentido de instruir outros países com o seu conhecimento e admitiu estar satisfeito ao ver os resultados do trabalho realizado. “O que estamos vendo hoje dá-nos a consciência de que todos temos a obrigação de ajudar estes recuperandos em sua reinserção na sociedade”, disse.
Emocionada, a embaixadora da União Europeia, Ana Paula Zacarias, confessou ter tirado duas lições: “Primeira é a certeza de que, se trabalharmos juntos, podemos fazer a diferença, podemos fazer um mundo melhor, com o envolvimento da sociedade civil, Judiciário, empresários e organizações. Os direitos humanos são para todos e não apenas para alguns. A segunda lição, e que muito me tocou, é o poder da oração e a coragem de cada um de vocês, recuperandos, de transformar suas próprias vidas.”
Para o coordenador executivo do Novos Rumos, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, a visita da delegação legitima o trabalho de 12 anos do Tribunal de Justiça. “Temos a certeza de que é possível, pode dar certo, as pessoas podem voltar ao convívio da sociedade como pessoas úteis, nesse enfrentamento das prisões com a humanização das penas.”
De acordo com o diretor da Fundação AVSI, Gianfranco Commodaro, o trabalho, conjunto com o IMPP e TJMG, de acompanhamento das APACs, inclui a qualificação dos gestores e dirigentes, a formação profissional dos recuperandos e o fortalecimento das unidades produtivas. “É uma experiência bonita e única em Minas Gerais, cujo percurso caminha agora para o reconhecimento internacional. Os resultados servem de estímulo para que possamos continuar”, concluiu.
Para quem está envolvido com as Apacs há 30 anos, o maior desafio é a superação do preconceito, diz o diretor executivo da FBAC, Valdeci Antônio Ferreira. “Temos a árdua tarefa de congregar 147 Apacs espalhadas pelo Brasil, zelando e orientando a correta aplicação do método. Dessas, 36 funcionam nos moldes desta unidade de Santa Luzia. É uma constante luta, trabalho a cada dia para vencer o preconceito,” disse.
Valdeci ressaltou o trabalho dos parceiros e fez um apelo aos embaixadores: “Levem para seus países a certeza de que há uma alternativa à prisão comum, que não é um luxo do Brasil, mas a luta pela dignidade do preso. Onde existe uma APAC existe a esperança de cumprimento digno da pena.”
O papel da iniciativa privada foi mostrado pelo diretor do IMPP, Marco Antônio Lage, ao afirmar que a Federação Mineira da Indústria (Fiemg) possui mais de 40 empresas participantes de projetos, em parceria com o IMPP, na capacitação, geração de empregos e instalação de unidades produtivas nas Apacs. “Esta é nossa missão – buscar o poder de convergência entre governo, Ministério Público, Tribunal de Justiça e iniciativa privada. Queremos transformar o trabalho com as Apacs em um grande case para espalhar para o Brasil e exportar para o mundo,” concluiu.










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