Nos dias 29 de Novembro a 05 de Dezembro a APAC feminina da cidade de Medellín, na Colômbia, recebeu a visita do Sr. Marcelo Gomes Moutinho, voluntário das APAC’s e assessor da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados.
Na ocasião pode conhecer a experiência que está funcionando, há sete meses, em um dos pavilhões do presídio de segurança máxima da cidade. Marcelo nos conta como foi a visita:
“O presídio, que fica situado num bairro afastado do centro, chamado Pedregal, abriga atualmente 2.376 pessoas, sendo 1.204 mulheres e 1.172 homens em alas separadas. A segurança é amparada por alta tecnologia, cães farejadores e detectores de metais. Além de um rigoroso controle de acesso.
A APAC atua em um pavilhão de mínima segurança, no regime fechado, e dispõe de 120 vagas. Por estar em processo de implantação, a ocupação das vagas está reduzido a 11 recuperandas. Nos próximos meses, será ampliado para 180 vagas com a admissão do método em um dos pavilhões de segurança máxima, com 60 vagas.
É um trabalho recente, contudo já apresenta muitos desafios e alguns bons resultados. Os desafios passam pela inexperiência a respeito do método por parte da equipe e pelas dificuldades de se levar adiante um processo baseado no voluntariado. Os bons resultados se percebem na caminhada das próprias recuperandas que ensaiam, dentro da APAC, uma vida nova, de mulheres livres; e também na adesão de diversos segmentos da sociedade e em particular, de algumas autoridades ligadas à gestão prisional, o que amplia a rede de parceiros em prol da APAC.
O ambiente na APAC se difere dos demais pavilhões, seja pela receptividade, seja pela limpeza, pelas cores que são diferentes dos pavilhões de regime comum, seja pela relação entre as recuperandas e entre os voluntários. Se respira um ar de expectativa e esperança.
Durante dois dias (29 e 30) aconteceu, dentro da prisão, o Curso de Conhecimento do Método para as recuperandas. Nesta oportunidade, pude compartilhar com as recuperandas a experiência das APACs, sua expansão pelo Brasil e pelo mundo. Dedicamos também, boa parte do tempo para falar sobre o Método APAC e seus elementos fundamentais e ouvir, dos funcionários, das voluntárias e das recuperandas, como está a APAC.
Tudo foi recebido com muita alegria e entusiasmo. Ao falar do elemento-base do método APAC, a valorização humana, havia um grupo de cerca de 60 jovens mulheres da área de segurança máxima que estão aguardando uma oportunidade de irem para o pavilhão da APAC. Foi surpreendente perceber, como toca fundo ao coração de quem está atrás das grades, um pequeno gesto ou uma simples palavra sobre valorização humana. Diversas mulheres presentes partilharam suas experiências de prisão e se emocionaram ao perceberem que Deus não lhes esqueceu atrás das grades e que a prova disto é que Ele mesmo está convocando voluntários e voluntárias, para virem ao seu encontro através da APAC.
O segredo da APAC está nos pequenos detalhes. O simples fato de almoçar com as recuperandas a mesma comida que elas almoçam e que é preparado pela prisão, surtiu um efeito imprevisto: uma das recuperandas, Elena, visivelmente emocionada pediu desculpas porque, ao nos ver ali, ao redor da mesa, se lembrou de sua família de muitos irmãos, e de como se encontravam durante as refeições, quando estava em liberdade.
No dia 01 de Dezembro realizamos um seminário para voluntários que estão interessados no Método. Este seminário contou com a presença de cerca de 20 pessoas. Profissionais liberais, integrantes da Confraternidade Carcerária, de diversas igrejas e também agentes penitenciários.
No dia 03, uma tarde de formação para os Gestores regionais do INPEC (Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário), como se fosse nossa Secretaria de Estado e Defesa Social. Uma excelente oportunidade para ampliar a rede. Neste encontro, conheci a srta. Diana Carmenza Rua Betancur, responsável regional para as prisões em Medellín e entusiasta do método APAC. Seu apoio tem sido fundamental para o êxito do projeto.
À frente da APAC está o Sr. Lácides Hernandez, como presidente da Confraternidade Carcerária, sr. Carlos, professor da Universidade de Medellín, como o presidente da APAC, e srta. Natália Medina, como coordenadora.
O que mais me marcou nesta visita, foi encontrar a expectativa e esperança em cada recuperanda, a força de vontade, alegria e dedicação dos voluntários, o compromisso e seriedade dos que estão responsáveis por levar adiante este processo que mais se parece com um parto.
Sim, Deus me parece, está cercando esta experiência da APAC de pessoas em funções estratégicas. Imagino que, assim como protegeu a gestação de Jesus e sua infância, levando Maria em suas mãos, longe de seus perseguidores, também com a APAC na Colômbia Deus está tendo cuidados de mãe. Um Deus pai e mãe, grávido da liberdade destas mulheres, presas em Pedregal, Medellín.
Não se trata de uma gestação fácil, muitas incompreensões, morosidade e dificuldades no relacionamento entre dirigentes e também entre voluntários já tentaram por fim a este processo. Mas estas são provas de que estão no caminho certo, afinal, a APAC, assim como todas as obras de Deus, nasce e cresce aos pés da Cruz.”

 

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